A Justiça Eleitoral multou a ex-vereadora Leonice da Paz (PMDB) em R$ 6 mil e o pastor da Assembleia de Deus Ministério Madureira, Thiago Sans, em R$ 8 mil, por propaganda eleitoral dentro da igreja.
A denúncia foi feita pelo Correio e mostra um vídeo no qual o pastor pede votos abertamente para a candidata. A ex-parlamentar também utiliza o microfone para falar com os fiéis e inclusive informa o número de sua candidatura. De acordo com a legislação eleitoral, é proibido que postulantes a um cargo público peçam votos dentro de igrejas ou templos.
Nas imagens gravadas por membros da igreja, o pastor aparece dizendo o número da candidata e pedindo para que os fiéis repetissem em voz alta. Leonice já foi vereadora e condenada num processo de compra de votos em 2004.
Segundo pessoas que frequentam o templo, a candidata passou por três igrejas da Assembleia de Deus Ministério de Madureira, nos bairros Vila Rica, Jardim Bandeira e Jardim Campos Elíseos.
Em um dos vídeos, o pastor Thiago conversa com os fiéis, onde fala: “neste ano nós já temos algo determinado para nossas lideranças, e até lá vamos fazer 15.444 orações, diga comigo, 15.444 orações” e os fiéis responderam por duas vezes o pedido.
Veja no vídeo:
Posteriormente, o pastor apresenta a candidata Leonice aos que acompanhavam o culto. “Nós vamos fazer esse projeto (...) vou apresentar uma mulher que é crente e teme a Deus e que vamos apoiar e abençoar, então no dia 2 de outubro você não vai esquecer esta é a candidata que vai representar a igreja Ministério de Madureira.” Em seguida, o vídeo mostra a candidata se levantando e o pastor reforçando as 15.444 orações.
Nesse momento a palavra é passada para a candidata, que explica seus projetos.De acordo com frequentadores do templo, Leonice da Paz teria trânsito livre na Igreja Ministério de Madureira comandada pelo pastor Manoel Ferreira Neto.
A sede da igreja, localizada na Rua Barão de Parnaíba, no Centro, já foi alvo de pichação em agosto do ano passado por envolvimento em um suposto esquema de lavagem de dinheiro investigado na Operação Lava Jato.
Na sentença, o juiz Fábio Henrique Prado de Toledo, da 379ª Zona Eleitoral, deixa claro que Leonice também está sendo responsabilizada porque está presente no momento em que o pastor pediu voto a ela, e inclusive fez uso do microfone.
“Se refuta a tese de que a candidata Leonice da Paz não pode ser responsabilizada por se tratar de manifestação de terceiro, não apenas porque acompanhava o ato, assentindo e aplaudindo, mas porque em seguida toma o microfone, como se nota do vídeo”, destacou o magistrado em sua decisão. “Entendo que a conduta do sacerdote merece um desvalor maior”, acrescentou o juiz.
Sem celular
Segundo fiéis que não quiserem se identificar, a candidata esteve no último domingo na igreja Assembleia de Deus Madureira, na Rua Antônio Correia Silva, Jardim Nossa Senhora de Lourdes.
Na ocasião, o pastor teria pedido que os fiéis presentes ao culto não utilizassem o telefone celular.
Ele teria dito, porém, que a igreja é lugar de orar e não fazer propaganda política. Os responsáveis pela igreja não foram localizados pela reportagem.
A ex-vereadora foi procurada em seu telefone celular e disse que ainda não foi notificada da multa aplicada pela Justiça.
“Ainda não tenho essa informação, não posso dizer nada porque não fui comunicada. Assim que eu notificada posso avaliar”, afirmou Leonice. A ex-vereadora disse que é frequentadora assídua da igreja, mas que nunca pediu votos no templo e atribuiu o ocorrido a ação particular do pastor.
“Sou evangélica, mas nunca pedi votos no púlpito. Mas tem coisas que a gente não consegue evitar, como o que o pastor falou. Ele não pediu votos diretamente, não houve má fé, muito menos da minha parte. Sempre uso o microfone para levar a palavra”, disse Leonice, que negou ter estado na igreja no último domingo. “Neste domingo eu estava na região onde nasci, no Jardim Capivari.”
Com informações do correio popular
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